AS ADAPTAÇÕES CRÔNICAS PODEM SER NEGATIVAS?
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Olá pessoal, espero que todos estejam bem! Hoje estou iniciando mais uma rodada do quadro “Acertando os Conceitos”. Todas as quintas feiras às 15 horas, faço um post para explicar um CONCEITO da área da fisiologia do exercício e do treinamento. Meu objetivo com esse quadro é disponibilizar para todos os meus seguidores uma espécie de glossário para uma consulta rápida. Muitas vezes, quando estamos trabalhando ou estudando, podem surgir dúvidas sobre diversos conceitos. Com esse glossário, você poderá consultar os conceitos aqui descritos quantas vezes você quiser! Então continue acompanhando o Viajando pela Fisiologia.

Hoje, gostaria de conceituar o OVERREACHING e o OVERTRAINING, que são considerados dois tipos de ADAPTAÇÃO CRÔNICA NEGATIVA. No post da semana passada, comentei que as adaptações crônicas negativas ocorrem devido à combinação de vários fatores. Vamos relembrar alguns desses fatores: genética, estado geral de saúde, nível de estresse, dose de esforço relacionado ao treinamento, tempo de descanso entre sessões de treino e os aspectos nutricionais. Portanto a combinação entre esses fatores MODULAM (DIRECIONAM) a resposta crônica para o lado positivo ou negativo. Pois bem, quando as adaptações crônicas são direcionadas para o lado negativo, podem resultar em OVERREACHING e OVERTRAINING. Mas afinal, o que é overreaching e um overtraining?

OVERREACHING: é caracterizado pelo aumento do volume e\ou da intensidade de treinamento que combinado a outros fatores, resulta em decréscimo da performance em curto prazo. Durante a instalação desse processo, a fisiologia apresenta vários SINAIS FISIOLÓGICOS, como por exemplo, sinais de alteração na função cardiovascular: aumento da frequência cardíaca de repouso, submáxima e retorno mais lento da frequência cardíaca para os níveis de repouso após o término do exercício. Normalmente, com a redução da carga de treino, aumento do tempo de recuperação e a adequação nutricional, em poucos dias os sinais fisiológicos se normalizam. Assim, pode se considerar o Overreaching como um Pré Overtraining.

OVERTRAINING: também chamado de SOBRETREINAMENTO ou de SÍNDROME DO SUPERTREINAMENTO, é caracterizado pelo aumento do volume e\ou da intensidade de treinamento que combinado a outros fatores, resulta em decréscimo da performance, porém em longo prazo. Durante a instalação desse processo, a fisiologia apresenta vários sinais cardiovasculares, hormonais, metabólicos, imunológicos e sinais psicológicos. Porém, nesta situação, apenas a redução das cargas de treino, aumento do tempo de recuperação e a adequação nutricional em poucos dias, não são suficientes para que os sinais fisiológicos se normalizem. Isso significa dizer que, a fisiologia perdeu a capacidade de se adaptar. Assim, a única coisa a fazer seria parar com o programa de treino e dar tempo para a fisiologia voltar a se adaptar. Geralmente, isso leva entre 30 e 90 dias para acontecer.

Muitas pessoas acreditam que o Overreaching e o Overtraining acontecem apenas em atletas de alto rendimento. Não necessariamente!! Vou te dar um exemplo: basta você considerar uma pessoa sedentária, com excesso de peso que vai iniciar um programa de exercício na academia com o objetivo de emagrecimento. Você já reparou que é muito comum essas pessoas começarem a frequentar a academia, e digamos após 2 ou 3 semanas de treino regular, de repente, somem por alguns dias? Muito provavelmente, aconteceu algo similar ao Overreaching! Em geral, pessoas nesse contexto, por começarem a praticar exercício na academia (antes de iniciar, NÃO fazia exercício) já é um fator estressante para a fisiologia, alteram por conta própria a dieta, gerando uma dieta hipocalórica!

Então agora existe uma dieta hipocalórica somada ao gasto calórico aumentado pelo exercício! Nessa situação, o músculo tem dificuldade de recuperação metabólica na FASE SUBAGUDA do processo adaptativo. Então após algumas sessões de treino, essa pessoa vai perdendo a capacidade de sustentar a sessão de exercício pela própria dificuldade de recuperação do glicogênio muscular e hepático devido ao aspecto nutricional ser inadequado! Nesse contexto, é normal a pessoa se sentir mais fadigada, mais cansada, mais dolorida e com menor disposição para praticar exercício. Isso explica a ausência na academia após a realização de 2 ou 3 semanas de exercício. Mas, com alguns dias adicionais de descanso, sem fazer exercício, o músculo recupera o nível de glicogênio e a pessoa retorna aos treinos. Isso foi o início de um Overreaching na academia.

Na próxima semana, vou dar alguns exemplos de SINAIS FISIOLÓGICOS que permitirão você, profissional de Educação Física desconfiar que algo está acontecendo de errado no processo de adaptação crônica.

Espero que você tenha gostado desse conteúdo! Por favor, me ajude a divulgar o Viajando pela Fisiologia, compartilhando essa informação com seus amigos e amigas.

Grande abraço a todos e ótima semana!

Fabio Ceschini

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