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Por muitas décadas, o treinamento aeróbico contínuo de intensidade moderada (MICT) dominou a prescrição do exercício aeróbico. Sessões de 20 a 60 minutos de duração com intensidade entre 40 a 85% da capacidade aeróbica máxima são recomendadas para diversos benefícios como por exemplo, o emagrecimento, aumento do VO2 máximo, controle da pressão arterial, melhor controle dos níveis de glicose ou lipídeos sanguíneos, melhora da capacidade cardíaca em pacientes cardíacos e até para a melhora dos indicadores de qualidade vida em diferentes grupos populacionais. Nos últimos anos, o treinamento HIIT tem ganhado espaço na literatura, nas academias e centros de reabilitação devido à variedade de benefícios fisiológicos que esse modelo promove. Comumente, a literatura busca comparar os benefícios do treinamento HIIT com o MICT para ver qual modelo promove maiores benefícios em diferentes grupos populacionais. Como tenho recebido muitas perguntas em meu email ([email protected]) sobre qual modelo de treinamento é mais eficiente em diferentes grupos populacionais, no artigo dessa semana, quero utilizar uma breve revisão de literatura publicada por Fleg (2016) para demonstrar um “resumão” da ciência sobre o tema.

Pessoas Obesas:
Estudos que compararam o efeito do treinamento HIIT e MICT em pessoas obesas com protocolos entre 3 e 6 meses de duração, apresentaram diminuição significativa nos indicadores de gordura quando comparados ao grupo controle, porém sem diferença entre ambos os modelos de treinos. Isso significa que ambos os modelos de treinamento apresentaram resultados similares. O autor explicou que quando o gasto calórico total de ambas as sessões são similares (carga de treino similar), os efeitos na redução dos indicadores de adiposidade também são similares.

Pessoas Hipertensas:
Tanto o modelo de treino MICT como o HIIT provocou efeito hipotensor pós esforço em pessoas hipertensas após 16 semanas de treino, sendo observado reduções de até 10 mmHg na pressão arterial sistólica e de 6 mmHg na pressão arterial diastólica. Esse resultado é importante por permitir efeito regulatório na pressão arterial de pessoas hipertensas.

Pessoas com Alterações nos Níveis de Lipídeos Sanguíneos:
Tanto o modelo HIIT como o MICT promove alterações modestas nos lipídeos sanguíneos, como por exemplo, o aumento do HDL-colesterol e diminuição do triglicerídeos. Mas, esse efeito aparece modestamente somente após 8 semanas de treinamento. O mesmo cenário aparece para o modelo MICT. Por causa do efeito modesto, o HIIT e MICT não são indicados como tratamento primário para dislipidemias.

Pessoas com Resistência a Insulina – Metabolismo da glicose:
Existem fortes evidências que o treinamento HIIT melhora a capacidade do músculo de absorver glicose sanguínea e, portanto, promove melhor regulação da glicemia sanguínea. Esse efeito tem sido notado em adultos saudáveis e pessoas com síndrome metabólica. Com apenas 2 semanas de treinamento os efeitos benéficos já aparecem. Esse efeito é importante para pessoas com resistência a insulina.

Pessoas com Doença Arterial Coronariana:
Estudos de meta-análise demonstraram que o modelo HIIT tem sido mais efetivo do que o modelo MICT no aumento do VO2 de pico para pessoas com Doença Arterial Coronariana.

Pessoas com Insuficiência Cardíaca: apesar do modelo HIIT não ser sugerido para essa população até meados de 2014, estudos recentes comprovam aumento significativo do VO2 de pico e do volume sistólico cardíaco nesse grupo.

Pessoas com Transplante Cardíaco: apesar dos estudos serem limitados nessa população, os existentes demonstraram benefícios similares entre o HIIT e o MICT.

Melhora dos Indicadores de Qualidade de Vida: há melhora significativa nos indicadores de qualidade de vida de pessoas com doenças cardiovasculares, pessoas idosas e outros grupos similares entre o HIIT e o MICT.

Segurança para o treinamento HIIT: o autor destaca que o treinamento HIIT para idosos, pessoas com doenças cardiovasculares ou com risco aumentado de desenvolvimento de doenças cardiovasculares é seguro desde que a prescrição seja realizada corretamente levando em consideração as particularidades de cada pessoa. Por outro lado, idosos frágeis, pessoas com alterações ortopédicas ou de equilíbrio, o HIIT NÃO é recomendado e sim o MICT, porém em baixa intensidade.
Porém, não posso deixar de comentar! Quando o autor fala sobre segurança, esse quesito é essencial na prescrição exercício para qualquer pessoa!

A saúde e a segurança sempre em primeiro lugar. Para isso, o profissional de Educação Física deve estar devidamente habilitado e ter as habilidades e competências necessárias para prescrever e monitorar sessões de treinamento HIIT. Além do preparo técnico-fisiológico, o profissional de Educação Física deve avaliar outras questões como: somente o treinamento HIIT irá promover os resultados desejados para o aluno (a)? Quais outros modelos de treinamento poderiam promover as adaptações fisiológicas desejadas? O meu aluno (a) tem condição neuromuscular para suportar sessões de HIIT? Foi realizado um treinamento aeróbico de base e resistido prévio para preparar o aluno (a) para suportar o treinamento HIIT? Avaliar essas questões são essenciais para que o profissional de Educação Física tenha maior clareza na tomada de decisões em relação ao treinamento.

Você tem utilizado o treinamento HIIT com seus alunos e tem atingido bons resultados? Você tem utilizado o treinamento HIIT com frequência como uma estratégia de emagrecimento com seus alunos? Deixe seu comentário contando sua experiência. Tem dificuldades de entender a fisiologia por trás do treinamento HIIT? Por favor, me conte como posso te ajudar! Mande uma mensagem, deixe o seu comentário e vamos juntos Viajar pela Fisiologia.

E, lembre se, toda a segunda feira às 15 horas, farei um post comentando um artigo recente que fale de treinamento e fisiologia, além de disponibilizar o link de acesso para fazer o download do artigo para leitura e, por que estou fazendo isso? Para te ajudar a aumentar o seu conhecimento.

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